Para os que como eu buscam uma
mente concentrada, certamente se vêem em situações de divagações e perda de tempo
com atividades que não trazem retorno ou então com um tempo mal empregado nas
atividades que desempenham. Infelizmente, essa é uma característica comum em
muitas pessoas e as razões podem ser diversas ou talvez uma, a qual ainda não me
atrevo a comentar, pois requer ainda um tanto de reflexão e estudo.
Lá por 2004 meu interesse pelo
Budismo começou a nascer e se aprofundou ao término do meu mestrado em 2009. De
lá pra cá, tenho encontrado muitas explicações e formas para entender e começar
a tomar as rédeas dos meus processos mentais. Comecei com o budismo tibetano
(Mahayana), o qual me propiciou uma visão profunda da psicologia oriental e
agora, com o budismo Zen, uma prática direta ao ponto-chave da questão.
Lendo o primeiro livro do Alan
Watts, O Espírito do Zen, encontrei uma descrição perfeita de como me relaciono
com o tempo e com minhas atividades. Se tu tiveres
interesse nesse assunto, leia essa página com afinco. Primeiro leia ela toda
para ter uma noção do que se encontra e depois volte frase por frase, parando
um tempo em cada uma para refletir e ver como ela se aplica na tua vida, passando
para a frase seguinte. Essa técnica de leitura é uma das melhores para a
compreensão de um texto, pois primeiro elimina a ansiedade natural por saber o
que tem no texto e depois nos propicia a calma necessária para a compreensão
das palavras e das frases.
Os mestres Zen dizem que o
conhecimento não está disponível para todos porque nem todos estão aptos a
entendê-lo. A capacidade de compreensão começa pela paciência com o tempo e com
o estudo e o primeiro passo é se concentrar no texto que se está estudando,
esquecendo os demais compromissos e pensamentos. Zen é isso, ou quase isso. Zen não tem
definição. Zen é agora.
Eis o texto (transcrevo aqui a página 113 da versão pocket da L&PM de 2009, referência no final do texto):
Eis o texto (transcrevo aqui a página 113 da versão pocket da L&PM de 2009, referência no final do texto):
“O bom caminhante usa apenas a
quantidade necessária de energia para se deslocar. Não deixando rastros, seu
andar é suave e não levanta poeira. O taoísta diria que, se o caminhante
levanta poeira, é sinal que está usando demasiada energia para a sua finalidade;
com isso ele se cansa desnecessariamente, indo para onde não deseja e
levantando poeira. Apesar de esta analogia não ser muito própria, o princípio básico é o segredo da
concentração e do sucesso em qualquer forma de atividade. Devemos usar a quantidade
exata de energia para alcançar um determinado resultado, mas como regra comum o
homem torna a própria vida mais difícil do que o necessário, desperdiçando uma
enorme quantidade de energia em cada tarefa que executa. Em primeiro lugar, o
total de energia despendida é maior do que a necessária para fazer a tarefa; em
segundo lugar, somente uma pequena porção dela é absorvida na execução da
tarefa, pois está esparramada por todos os lados em vez de ser dirigida para um
ponto. Daí o mestre Pai-chang dizer que o Zen significa “comer quando temos
fome, dormir quando estamos cansados... A maioria das pessoas não come, mas
pensa numa variedade de coisas, deixando-se perturbar por elas; essas pessoas
não dormem, mas sonham com mil e uma coisas.” A mente descontrolada usa sua
energia em inumeráveis aborrecimentos, distorções e ideias vagas, em vez de se
aplicar a uma coisa de cada vez e, por esse motivo, nunca alcança completamente
o que se propõe fazer. No momento em que começa uma coisa, corre para outras,
exaurindo-se nessa tremenda quantidade de atividade desperdiçada. Em comparação
com isso, a atividade do taoísmo e do Zen pode parecer insignificante, mas isso
se deve ao fato de guardar energia em reserva; sua calma é o resultado de uma
atitude mental dirigida para um único ponto; tomam cada coisa como vem,
terminam com ela e passam para a próxima, evitando dessa forma todas as voltas
para trás e para frente, todas as preocupações com o passado e com o futuro,
pelas quais a atividade simplesmente se anula.”
Watts, A. 2009. O Espírito do Zen: um caminho para a
vida, o trabalho e a arte no Extremo Oriente. Porto Alegre: Ed. L&PM, 144p.
=)
=)
Muito bom!!! Acho que ainda não estou pronto para entender. Por isso estou preso em muitos sofrimentos.
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