segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Casar ou não casar: eis o dilema da vez

Casamento, casório ou matrimônio/matrimónio é o vínculo estabelecido entre duas pessoas, mediante o reconhecimento governamental, religioso ou social e que pressupõe uma relação interpessoal de intimidade, cuja representação arquetípica são as relações sexuais, embora possa ser visto por muitos como um contrato. A palavra casamento é derivada de "casa", enquanto que matrimonio tem origem no radical mater ("mãe") seguindo o mesmo modelo lexical de "patrimônio". Também pode ser do latim medieval casamentu: ato solene de união entre duas pessoas de sexo diferente, capazes e habilitadas, com a legitimação reliogiosa e/ou cívil (http://pt.wikipedia.org/wiki/Casamento).
Com quantas dessas definições tu nao concordas? Provavelmente nem concordas com a idéia de casamento por si só! Sabes que eu também não concordava com nada disso antes? Pois é!
Casar mete medo em muitos jovens adultos. Ao questionar amigos sobre o que pensam, a resposta mais comum é que nem pensam sobre. Não cogitam a hipótese de casar e para isso defendem certos argumentos questionáveis e geralmente embasados nesse conceito clássico de casamento. Eu tenho uma visão própria sobre ele e, como já dizia o velho Descartes, se questionarmos uma afirmação e não conseguirmos derrubar as teses dela poderemos tê-la como uma verdade. Vamos lá então!
Minha definição de casamento é a oficialização de uma relação íntima entre duas pessoas que atingiram o ponto de certeza de que querem ficar juntas definitivamente. Acabou aquele período de “teste”, o namoro. Essa oficialização pode ser apenas uma mera formalidade na presença entre amigos, familiares e/ou até mesmo entre os dois. No entanto, ela deve ocorrer. Por quê? Não dá para ficar juntos sem ter que passar por isso? Poder pode, óbvio, mas a relação nunca se afirmará entre os dois. Em algum momento terão que assumir um casamento para poderem continuar juntos. Conheço um casal que está junto há mais de 15 anos e não casou oficialmente, mas se perguntares para eles o que são se autodenominarão casados. Não houve uma formalização oficial a partir da igreja ou perante a justiça, mas eles se reconhecem como casados. Eis aqui um ponto a favor pra minha tese!
Mas vamos lá... Vamos questionar esse fundamento. O que aconteceria se eles não assumissem isso? Hoje esse casal tem dois filhos, possuem uma casa que compraram juntos e passam por dificuldades que qualquer um casal oficial ou não passa. Tu achas que se eles nunca tivessem assumido esse compromisso entre si, eles conseguiriam ter tudo isso? Haveria confiança para terem os filhos? Para investirem juntos numa casa? Para discutirem sem razões maiores para cada um pegar sua mochila e juntar as poucas roupas que está numa das gavetas de um pequeno armário? Aqui afirmarei que não, não haveria como sem uma “oficialização” entre eles. E é aqui nesse ponto que tu poderás contra-argumentar e me dar razões contrárias a minha. Poderás usar o espaço de comentários ali embaixo!
Creio que o maior problema em aceitar um casamento esteja na visão clássica dele. Casar numa igreja é um dos maiores. Muitos jovens perderam a ligação com a igreja convencional (católica, luterana e anglicana... Outra mais?) e tem isso como o principal argumento para não se casarem. Ter que compartilhar bens que não construíram juntos pode ser outro. Ter a idéia de que casamento significa ter que ficar juntos para a vida toda é mais um. Essas são visões que deturpam a idéia básica de casamento que só tende a deixar a relação mais saudável e com um futuro claro pela frente. O casamento que idealizo para mim é um bem simples. Acontecerá em qualquer lugar (numa churrascaria se preferirem), convidados só os amigos mais íntimos, talvez as famílias (a pensar ainda!!), como roupas bermuda e camiseta se quiserem, sem “oficializador” (padre, juiz etc... nós dois iremos nos casar).
Entretanto, o grande detalhe está no ponto básico de tudo isso: quando casar. Isso pode ter diferentes respostas e não sei ainda se há uma correta. Acaba sendo bem pessoal e nisso eu tenho a minha. Tenho em mente que o momento de casar é aquele em que, se formos plotar num gráfico de dois eixos (X e Y), onde x é o tempo do relacionamento e no y o quanto se conhece a pessoa (Figura abaixo), vejo que quando obtermos uma assíntota (uma estabilização da curva), ou seja, nada mais de surpresas na relação, e se o se conhece nos agrada e nos faz bem, é o momento ideal para se casar. Claro que para isso também é necessário avaliar outras variáveis, como a situação financeira dos dois. Outros detalhes que me passaram aqui podem existir e para cada casal a realidade é diferente.
Além desses argumentos plausíveis, existem aquelas pessoas que afirmam que não querem se casar simplesmente por andar com a carruagem. Não possuem nem esses argumentos, mas como casar da forma tradicional se tornou tão antiquado para os jovens de hoje, dizer que querem casar para essas pessoas pode parecer algo careta! Eu sempre gostei dos caretas! Vejo que esses são aqueles que geralmente possuem melhores esclarecimentos sobre a vida e não têm vergonha de assumir uma posição e/ou opinião que vai contra a maioria da sua classe.
Finalizando então, não consegui derrubar minha tese de que é necessário casar. Dessa forma, vejo que casar é importante para que uma relação siga em frente e que dê tudo o que buscamos nela. Mas, como apenas eu discuti aqui, isso pode ter um viés! Contudo, vejo que toda essa discussão aqui não seria necessária, pois sei que no momento em que aquele gráfico se estabilizar as duas pessoas vão querer se casar! Até rimou!!
A propósito...depois de tantas perguntas sobre, não vou casar não...pelo menos por agora!
=)

12 comentários:

  1. Boas reflexões!! Legal ler um jovem que se diz 'careta' ponderando sobre esse tema. O importante é estar disposto a descobrir novos padrões, novas curvas que compoem a união. E que possa ser uma união de duas laranjas inteiras, e não duas metades!!!rsrsrss
    Saudações

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  2. Meu Caro,
    A questão é a seguinte: QUEM PENSA, NÃO CASA!

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  3. Existem pessoas que pensam no casamento como um fato imutável da vida, como se ele estivesse embutido no ciclo vital de nascer, crescer, casar, reproduzir, envelhecer e morrer. Esquecem-se que casar não é o simples encontrar alguém, considerá-lo no mínimo tolerável e com alguns dos itens de uma lista interminável de qualidades (sejam eles meramente superficiais, relativos às ambições da pessoa, afinidades, ou até mesmo condição econômica), levar um tempão arrumando uma festa que durará umas 4 horas, que nem metade dos convidados gostará, e nem um terço lembrará depois (desculpem-me aqueles que gostam de casamentos e similares, não sou particularmente fã, percebe-se), pra depois ver onde tudo vai dar. Alguns casam porque “está na hora”, é chegada a idade “terrível” que dizem: ou case ou fique pra titia/titio. As expectativas familiares são grandes vilãs aqui. Os mais velhos não concebem a idéia de alguém que não case e não deixe uma penca de descendentes, os pais anseiam por netos, e os parentes que já tem filhos cobram mais crianças para conviverem com seus pequeninos.
    Juntando-se toda a pressão da sociedade (pois não só a família contribui, os meios de comunicação também) a pessoa pode ser coagida a casar. “Já conheço bem essa pessoa, até então nossa convivência foi boa, se não der certo, divórcio, fazer o que!”. Até mesmo conceitos tão primitivos como o casamento caem na descartabilidade moderna.
    Colocam o carro na frente dos bois e manipulam os fatos para se convencer de que o casamento dará certo. Não esperam a estabilização da curva, ou passam por cima de problemas que virarão uma bola de neve sufocante, e aí, simples assim, se separam, cada um pega suas coisas e vai pro seu canto, tentar novamente.
    Concordo que o casamento não deve ser uma coisa nem abominável nem cegamente desejada, e sim a consequência de uma convivência, de uma certa igualdade de visão, tolerância, companheirismo, capacidade de ouvir e compreender o outro, aceitar sua opinião diferente, e, acima de tudo, querer construir uma vida juntos, querer estar sempre com essa pessoa, e estar lá por ela, principalmente quando ela mais precisar, assim como saber que quando você precisar, certamente ela estará por perto.

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  4. Me desculpem, o comentário é muito grande (quase um post), terá de ser dividido em duas partes! hahahaha

    Existem pessoas que pensam no casamento como um fato imutável da vida, como se ele estivesse embutido no ciclo vital de nascer, crescer, casar, reproduzir, envelhecer e morrer. Esquecem-se que casar não é o simples encontrar alguém, considerá-lo no mínimo tolerável e com alguns dos itens de uma lista interminável de qualidades (sejam eles meramente superficiais, relativos às ambições da pessoa, afinidades, ou até mesmo condição econômica), levar um tempão arrumando uma festa que durará umas 4 horas, que nem metade dos convidados gostará, e nem um terço lembrará depois (desculpem-me aqueles que gostam de casamentos e similares, não sou particularmente fã, percebe-se), pra depois ver onde tudo vai dar. Alguns casam porque “está na hora”, é chegada a idade “terrível” que dizem: ou case ou fique pra titia/titio. As expectativas familiares são grandes vilãs aqui. Os mais velhos não concebem a idéia de alguém que não case e não deixe uma penca de descendentes, os pais anseiam por netos, e os parentes que já tem filhos cobram mais crianças para conviverem com seus pequeninos.
    Juntando-se toda a pressão da sociedade (pois não só a família contribui, os meios de comunicação também) a pessoa pode ser coagida a casar. “Já conheço bem essa pessoa, até então nossa convivência foi boa, se não der certo, divórcio, fazer o que!”. Até mesmo conceitos tão primitivos como o casamento caem na descartabilidade moderna.

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  5. Continuando...

    Colocam o carro na frente dos bois e manipulam os fatos para se convencer de que o casamento dará certo. Não esperam a estabilização da curva, ou passam por cima de problemas que virarão uma bola de neve sufocante, e aí, simples assim, se separam, cada um pega suas coisas e vai pro seu canto, tentar novamente.
    Concordo que o casamento não deve ser uma coisa nem abominável nem cegamente desejada, e sim a consequência de uma convivência, de uma certa igualdade de visão, tolerância, companheirismo, capacidade de ouvir e compreender o outro, aceitar sua opinião diferente, e, acima de tudo, querer construir uma vida juntos, querer estar sempre com essa pessoa, e estar lá por ela, principalmente quando ela mais precisar, assim como saber que quando você precisar, certamente ela estará por perto.

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  6. hahah bela abordagem sobre o tema casamento... acho que o faz aquela curva querer estabilizar passa pela "admiraçao" aquela imutavel... qndo nos envolvemos somente pela beleza, corpo ou sexo com outra pessoa, esquecemos que são caracteristicas extremamente mutaveis no tempo, a beleza de amanha será diferente de hoje assim como outros atributos, mas "personalidade" é algo imutavel qndo admiramos alguem a tendencia é isso permanecer e quem sabe veremos a constante que buscam os que começaram a suber na curva do gráfico.
    abraços

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  7. Nao sei, Anelise...acho que quem nao pensa se divorcia!!
    Abração.

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  8. Van Gennep diz que a vida social exige ritos de passagens: nascimento, casamento, por exemplo, são fatores que evidenciam a transição de uma identidade a outra.
    Casar... Muito complexo pra mim que já tenho milhões de dúvidas sobre namoro. A nossa sociedade com padrões de "normalidade" refuta e torna subalterno tudo o que escapar da normatividade.
    O fato é: querendo/gostando ou não, nos relacionamos. E a minha crítica segue para aqueles que se preocupam com o nome a dar ao relacionamento ao invés de apreciá-lo. Adotando o argumento teu, casar é uma forma jurídica de dar a segurança necessária para investir em maiores proporções (econômica, familiar) num relacionamento, afinal, precisamos nos estabelecer.
    As pessoas tentem a sofrer muito mais quando acaba o casamento do que quando acaba o namoro: é uma questão cultural decorrente da supervalorização que se tem do casamento. É um relacionamento que chegou ao fim com a diferença que é mais árduo pelo fato de estarem envolvidas muitas outras pessoas nesta história (filhos, familiares). Eu penso que esta coisa de esperar um "tipo ideal" de momento pra casar é bobagem. Bom seria seguir os caminhos que tiverem mais corações...

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Como disse o Josma, bela abordagem do tema. Mas não concordo muito contigo sobre a estabilização daquele gráfico. Acho que ele nunca estabiliza. E acho isso bom! É bom ter surpresas, é bom não saber tudo sobre aquela pessoa. E ademais, mesmo que você soubesse tudo sobre aquela pessoa hoje, amanhã aquela pessoa será outra. Nós mudamos o tempo todo. Feliz daquele que se permite mudar. Pensar diferente do que pensava antes. Viva a não estabilização do gráfico!

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  11. Muito boa observação, Dani. Concordo plenamente. O ponto de estabilização daquele gráfico nao leva em conta as mudanças e surpresas posteriores, como visto. Essas servirão, talvez, para manter o relacionamento, afinal, tudo está sempre em evolução (tenho muitas observações nesse ponto, mas a discussão seria tão longa...!!). No entanto, o ponto central aqui é o que leva ao casamento, à união de duas pessoas, que para acontecer, frizo novamente, é necessária aquela estabilização, aquele conhecimento profundo dos dois, porque, do contrário, a instabilidade poderá diminuir as probabilidades de sucesso. As "surpresas" que vc menciona poderão estar implícitas na curva do jeito como ela está (fazem parte da personalidade da pessoa, entendes?). Mudanças, bem, essas poderiam até levar ao fim do casamento, não achas? Mudança é algo que pode ser encarado como algo estocástic, sem momento para acontecer e talvez nem aconteça, difícil de inferir e plotar. Surpresas, por outro lado, quando com bom intuito, são sempre desejáveis (mas já poderão, como eu disse, fazer parte da personalidade da(s) pessoa(s)).

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  12. Bom, eu também sou a favor do casamento. Mas vejo-o como um relacionamento que une dois universos diferentes. Por mais afinidade que possuam, tratam-se de dois seres diferentes, com seus pensamentos, sentimentos e experiência de vida próprios. Acho que o maior erro das pessoas que vêem seus casamentos fracassarem é terem uma visão um tanto "romantizada" do casamento, ou seja, aquela união de conto-de-fadas. Ora, não existem príncipes nem princesas. Há casais que desistem frente à primeira dificuldade que encontram. Por isso é necessário conhecer a pessoa com quem irá se casar, saber que sim, ela possui defeitos, e principalmente ter a consciência de que, tanto um como outro irão se modificar durante o passar do tempo. Já dizia a escritora Martha Medeiros: "um casal feliz é aquele feito de dois bons perdoadores. A verdadeira medida de compatibilidade não são os anos que passaram juntos; mas sim o quanto nesses anos vocês foram bons um para o outro". Perdoar e compreender é vital para qualquer relacionamento. Outro fator importante é casar-se quando se estiver preparado(a)e encontrar a pessoa certa (sim, pessoa CERTA e não pessoa ideal, afinal como o próprio nome sugere, esta existe apenas na idéia). Erros cometemos quando fazemos do casamento uma imposição social. Já foi o tempo em que as pessoas (principalmente as mulheres) eram impostas a se casarem, como se fosse a única opção de vida existente. Casem-se por amor e por vontade e nunca por imposição de qualquer gênero ou por medo de ficar sozinho(a).

    =)

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