quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Um caminho e um sentido para a vida

Quem nunca se questionou sobre sua existência? Bom, conheço alguns que ainda não e tenho dúvidas se um dia irão. Assim, esse texto serve para os dois tipos: os que já se fizeram essa pergunta poderão concordar ou não e os que ainda não a fizeram poderão aproveitar para começar a partir de um ponto de vista bem simples.
Desde cedo, lá pelos meus 17 anos, ainda no colégio agrícola em Bento Gonçalves, sentia-me afogado ao de ter que decidir o que fazer da vida. Meu sonho era ser aviador militar, mas por certas impossibilidades a coisa acabou não indo por esse lado e hoje sou veterinário-aprendiz-de-pesquisador-em-ecologia. Que bom! Analisando toda minha vida até hoje a partir de um ponto de vista espiritualizado vejo que as coisas não poderiam estar melhores. Vejo que se tivesse ingressado na carreira militar e se por acaso viesse a desenvolver a consciência que tenho hoje provavelmente abandonaria aquela vida dos sonhos. Os motivos aqui não entram, mas as causas residem nesse caminho em busca do sentido para viver.
Minha teoria pode ser entendida por uma comparação com as correntes marítimas. Dentro de um vasto oceano existem certos fluxos de água decorrentes da inércia da rotação da Terra, dos ventos e da diferença de densidade, o “motor” que as cria e as mantém. Essas correntes são responsáveis por toda a circulação da água dos oceanos e também atuam como um regulador do clima do planeta. Veja a importância delas, pois se você está onde está hoje em muito se deve a elas. Mas bem, voltemos à história. A vida aqui pode ser considerada como o oceano e o desenrolar dela como as correntes. Se um objeto nesse oceano entrar na rota das correntes ele vai ser conduzido ao redor do mundo numa viagem fantástica. No entanto, se ele sair da rota desse fluxo, ele ficará no mesmo lugar por um bom tempo. Da mesma forma que as correntes, na nossa vida há um “motor” que a impulsiona por si só. Qual é esse motor? Ele nada mais é do que a nossa consciência. Quando estamos conscientes da nossa própria existência a vida segue de uma forma automática, por si só, como as correntes: elas rodam o mundo sem esforço trazendo benefícios a esse. Estando conscientes, mesmo sem saber o que queremos, estaremos no meio da corrente e por si só a vida vai se desenrolar de forma perfeita. Quando menos esperarmos iremos encontrar no caminho o que vai nos trazer a felicidade que sempre desejamos, tudo porque estamos em movimento consciente. É a sincronicidade do universo em ação. Já dizia o sábio amigo Bob: "don't worry about the things, 'cause every little thing gonna be all right". Ele já sabia disso!
O outro estado dessa história é quando por alguma razão saímos dessa corrente. Naturalmente nós já nascemos dentro dela, mas no transcorrer dessa rota (da vida) poderemos por alguma razão sair desse fluxo natural. Os meios são muitos, mas a causa é uma só: a perda da consciência. Deixamos de saber da nossa própria existência. Passamos a nos identificar com falsas identidades que surgem da vontade de querermos ser os maiorais dentro do nosso meio, seja pela popularidade (eu sou o(a) mais bonito(a) do colégio), seja pelo dinheiro ou pelo poder. Queremos aparecer! Passamos a nos comportar de uma forma automática baseados nessas identidades, as quais podem até trazer um benefício momentâneo, mas que em seguida só trarão sofrimento porque percebemos que ainda falta alguma coisa para nos tornarmos plenos. Nessa cegueira acreditamos que tendo mais e sendo mais conseguiremos essa plenitude. Falsa ilusão. Ao obter isso ainda sentiremos uma falta angustiante. Estamos vivendo em um sono profundo, talvez um pesadelo. É necessário acordar, voltar à consciência, retornar pra corrente. Formas para isso existem, mas exigem atitudes que muitos não estão dispostos a tomar.
Estar na corrente é muitas vezes não saber se iremos ou não conseguir o que buscamos e isso apavora as pessoas. Naturalmente, o que buscamos sofre muitas transformações com tempo. É dinâmico. Eu que o diga! Contudo, o passeio é magnífico, pois para estar na corrente é necessário que a percebamos, ou seja, é necessário que estejamos conscientes, acordados, vivendo o agora. Nessa busca é necessário termos bem claro duas coisas: uma é o que queremos fazer e/ou ser (e isso não necessariamente tem a ver com uma profissão) e outra é o como iremos obter isso. A primeira é simples em muitos casos, enquanto que a segunda é uma incógnita. Eu quero trabalhar pela conservação da biodiversidade, mas não sei como irei de fato fazer isso. Teve um tempo que achei que sabia. Hoje já deixei pra corrente me levar até lá, cansei de ver as coisas mudando o tempo todo. Sei o que busco, mas não sei como irei conseguir fazer. Pronto! É só isso que precisamos saber, pois o resto vem. Acreditem, vem mesmo! As pessoas vivem angustiadas pensando no que irão fazer para sobreviver e muitas vezes abrem mão dos seus sonhos, o que buscam, e optam por algo que está na mão. Isso não é um problema desde que elas vejam isso como um degrau para continuar na busca. O que não pode é simplesmente se acomodar e perder o propósito da vida. Apenas ganhar dinheiro e viver bem não é propósito de vida para ninguém. Percebam que nossas vidas só terão um valor quando fizermos algo a mais do que só para nós mesmos. Viver só para nós não é viver e sim sobreviver. A maior recompensa da vida é quando vemos um sorriso estampado no rosto de outra pessoa. Não há dinheiro que sobrepuje isso. Aqui está o sentido para a vida.
Será que deu para entender? Espero que sim! Não queria escrever tanto, mas o pior é que teria muito mais e já escrevi um bom bocado.
Num resumo, pois todos gostam de resumos no final de um capítulo de livro-texto, o caminho é estarmos conscientes de nossa existência, do que queremos, buscamos, acreditamos. Essas percepções devem surgir à parte das inúmeras identidades que criamos ao longo da vida. O sentido é fazer o bem para todos e tudo, pois esse é aquilo que falta na vida das pessoas, que todas buscam e acham que está no dinheiro e no poder, bem como na roupa mais cara da loja do shopping! Por mais que se busque em aparências e em bens materiais, a felicidade está em darmos um pedaço de pão para um pedinte.
Uma boa busca a todos. Espero encontrá-los na corrente!!! =)

2 comentários:

  1. Temos que aprender que não podemos planejar nosso cada passo, a vida é uma reunião de coincidências, coisas inesperadas, eventos. Geralmente, planejamentos não se concretizam totalmente, acontecimentos e pessoas podem aparecer no meio do caminho que modificam totalmente nossas ambições e metas. As chances de o que você quer que aconteça aconteça, são muito menores do que o destino te achar no meio do caminho e trazer coisas sobre as quais você nunca havia pensado antes, mas que você pode ficar igualmente feliz em receber. Se planejarmos e nos prendermos a esses planejamentos, podemos nos frustrar meramente pelo fato de nossas expectativas iniciais fixas não terem sido atingidas. Mas ora, por que não se contentar com o ocorrido e tentar ver o lado bom disso, além de pensar melhor na visão geral da coisa? Pois isso também pode conseguir te levar à sua meta final.
    Por isso concordo que facilita muito focar mais em qual será sua meta do que quais passos devemos seguir para chegar até lá. Se não focamos nos passos específicos, mas sim na visão geral, isso ao menos facilita uma abertura da mente para acolher as mensagens engarrafadas que a corrente nos traz.
    E também concordo quando você diz: “Eu quero trabalhar pela conservação da biodiversidade, mas não sei como irei de fato fazer isso”. E não sei mesmo! Hehehehe Então estou tentando trabalhar na idéia de ir com a corrente também.
    E quanto a escrever tanto, nem foi muito! Meu comentário já está quase se tornando uma postagem, isso sim é escrever muito!! E também teria muito mais, mas o turbilhão de idéias que surgiu enquanto eu lia se perdeu no ar, claro...

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  2. Gostei da analogia com as correntes... concordo, deixar-se levar com consciência é a malhor forma de viver.

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