sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Sobre o pensar e o conhecer

Pensar e conhecer, segundo Hannah Arendt, são coisas diferentes. Eu posso pensar sobre política, sobre a Amazônia, sobre o mundo e sobre qualquer coisa sem mesmo conhecer ou ter botado os pés no lugar. O conhecimento, esse associado com a cognição e o intelecto, é algo mais profundo e exige a experiência sobre o objeto, sobre o fenômeno.

Isso me fez pensar que entendi o porquê das pessoas acharem que conhecem simplesmente porque pensam - que dá um senso de razão - sobre alguma coisa que estão a debater, mas sem, no entanto, terem o menor conhecimento real daquilo, sem entenderem sobre a coisa. Se eu penso, existo, não? Mas pensar sobre sem ter todo o fundamento de algo é o que está levando a todo esse equívoco político no país. Por outro lado, as pessoas que conhecem, realmente, não são levadas a sério pelas pessoas que pensam saber - e que inclusive estão no poder - e, no lugar dessas que deveriam estar a pensar sobre o que conhecem, estão aquelas que pensam conhecer.

É muito fácil para você saber se pensa ou se conhece: você já estudou a fundo ou teve uma experiência real e profunda sobre aquilo que você está pensando saber para falar ou você está falando porque ouviu falar e, porque te agrada a ideia, faz sentido para aquilo que você pensa saber? Se nunca pegaste no mínimo cinco livros sobre o assunto, muito pouco provavelmente você sabe.

Como não se conhece algo somente e só por livros, a experiência de vida conta muito. Tem muitos liberais e socialistas que nunca vivenciaram nem um e nem outra realidade na própria carne para levantarem qualquer uma das bandeiras. Na ausência dessa, seja por temporalidade ou espacialidade, recorra aos livros, mas mais de um, no mínimo (o cinco acima é um número qualquer maior do que um e um número que no mínimo vai te dar uma boa amplitude sobre o tema com diferentes pontos de vista).

Não pense que você sabe. Primeiro, ouça aqueles que conhecem. Depois, estude e, quem sabe, poderás pensar que sabes, assim como eu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário