segunda-feira, 26 de outubro de 2015

As correntes invisíveis da escravatura contemporânea


“A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão.” 
---Aldous Huxley em Admirável Mundo Novo.

Depois de ler certos pensadores é difícil não se questionar sobre a forma como que a sociedade se estrutura e funciona, sobre a forma como se dá a busca pela profissão, pelo emprego, onde se eu ganho o outro perde a vaga. Há uma competição (in)visível, onde o tolo intelectual dirá que a natureza se estrutura da mesma forma, através da competição. Esses deveriam rever os novos postulados sobre a teoria darwiniana e ver que é muito mais através da cooperação que tais comunidades existem. Isso naturalmente levaria a um questionamento sobre o funcionamento de uma sociedade que se move apenas com o combustível do dinheiro, mas que poderia se mover sem ele - ver Utopia, de T. Morus. E isso é tido como normal, o funcionamento é aceito e questionado apenas por menos do que a minoria. O indivíduo ordinário mantém o sistema, dá corda nele. Corre para ocupar a vaga daquele que se demitiu por questões éticas e morais e com o dinheiro compra a roupa da Zara. Acha que por que vota, há democracia, quando o próprio sistema eleitoral não o é (se um candidato tem mais tempo de TV do que o outro, já aqui não há um sistema justo). Huxley está certo: somos escravos amando a escravidão, vivendo de angústias sem saber exatamente de onde vêm, embora esteja na nossa cara a causa.

Um comentário:

  1. Esse pensamento me lembrou muito o mito da caverna, do Platão... é como se os "escravos" realmente não soubessem que existe uma realidade fora da caverna. Ok, as implicações dessa filosofia do Plantão tem um propósito diferente da desta do pensamento do post, mas de certa forma cabe uma comparação. O que vejo por aí é que realmente as pessoas não conhecem outra realidade a não ser a que foram criadas. E essa realidade foi tão bem consolidada, construída com um cimento tão rígido que mesmo tomando contato com algo que "quebre esse concreto", há muitas vezes uma reação, um revide até agressivo, ou também uma passividade ignorante... muitas vezes é difícil para se entender o que a outra perspectiva propõe. Interessante pensar essas ações (reacionárias) do ser humano frente a uma coisa que vai fazer bem a ele, mas que quebra seus paradigmas...
    Talvez a única forma de tornar essa má reação, uma compreensão efetiva do novo paradigma seja a insistência. A insistência em mostrar, remostrar, reafirmar, publicar, publicar, publicar essas ideias até que a água mole fure a pedra dura... A gente não foi capaz de entender ainda o que um senhor disse pra gente há 2015 anos atrás, imagina se a gente não continuar insistindo nessa ideias que estão há muito menos tempo entre nós, relis mortais, sobre uma vida mais "consciente"? (Talvez seja presunção chamar isso de mais consciência, talvez...)

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