segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Publicidade: uma atividade criminosa?

"A publicidade é uma atividade criminosa".
                                                                   -Eduardo Marinho 

Ao assistir documentários e ver pessoalmente o efeito devastador da publicidade de consumo sobre sociedades, crianças e o ambiente, a ideia expressa acima não parece estar equivocada. Usam-se artifícios psicológicos contra pessoas incapazes de se defender psicologicamente. O problema, talvez, é que muitos publicitários ignoram o efeito sistêmico do que realmente fazem e ainda dizem que "As pessoas compram porque querem comprar", como disse um publicitário no documentário 'Criança: A Alma do Negócio'.

Assista aos documentários:
The Economic of Happiness (A Economia da Felicidade)
Criança: A Alma do Negócio
Uma lição de ética sobre publicidade infantil - Prof. Clóvis de Barros Filho


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

As correntes invisíveis da escravatura contemporânea


“A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão.” 
---Aldous Huxley em Admirável Mundo Novo.

Depois de ler certos pensadores é difícil não se questionar sobre a forma como que a sociedade se estrutura e funciona, sobre a forma como se dá a busca pela profissão, pelo emprego, onde se eu ganho o outro perde a vaga. Há uma competição (in)visível, onde o tolo intelectual dirá que a natureza se estrutura da mesma forma, através da competição. Esses deveriam rever os novos postulados sobre a teoria darwiniana e ver que é muito mais através da cooperação que tais comunidades existem. Isso naturalmente levaria a um questionamento sobre o funcionamento de uma sociedade que se move apenas com o combustível do dinheiro, mas que poderia se mover sem ele - ver Utopia, de T. Morus. E isso é tido como normal, o funcionamento é aceito e questionado apenas por menos do que a minoria. O indivíduo ordinário mantém o sistema, dá corda nele. Corre para ocupar a vaga daquele que se demitiu por questões éticas e morais e com o dinheiro compra a roupa da Zara. Acha que por que vota, há democracia, quando o próprio sistema eleitoral não o é (se um candidato tem mais tempo de TV do que o outro, já aqui não há um sistema justo). Huxley está certo: somos escravos amando a escravidão, vivendo de angústias sem saber exatamente de onde vêm, embora esteja na nossa cara a causa.

domingo, 13 de setembro de 2015

Nós criamos nosso próprio inferno político


Tentativas de postar algo no Facebook com relação a leituras e comentários de amigos que descrevem o caos, culpam políticos etc. pela atual crise no RS e no Brasil. Quis escrever sobre quem de fato são os culpados, o que sempre me leva aos eleitores, o povo em si. Várias tentativas que me decepcionaram ao perceber que o culpado nem se dá conta de que é o culpado. Escrevi, deletei, reescrevi, decidi não publicar nada e vim aqui escrever no meu diário. Então percebi que talvez valeria a pena postar, mas o farei aqui no blog.

Ora, sabe-se que político não é um ser confiável e então, na hora de colocar alguém para gerir um governo ou representar no parlamento, deve-se ter total cuidado e atenção. Mas quem faz isso? Raros, mesmo dentre alta classe educada, raros. Raros esses que no fim não elegem os candidatos que de fato mereceriam estar lá. Os que elegem, depois se esquecem de monitorar esse governante ou representante parlamentar, de ver o que ele tem feito, como ele tem votado (sim, porque ele está votando pela pessoa que o elegeu, ele a está representando, ora). Esquecem de cobrar, de mandar um e-mail ou até uma carta, independente de se serão lidos ou não – poderão ser e se todos ou boa parte dos eleitores fizessem isso, o tal político iria saber que está sendo monitorado e que não terá tais votos na próxima eleição. Ele poderá roubar agora, mas será a sua última vez.

Mas quem faz isso? Quando Manoela D’Ávila votou a favor na primeira votação das mudanças do código florestal, mandei um e-mail para ela. O e-mail foi respondido, não por ela, mas isso sempre chega a ela, claro. Imagine se mais de um e-mail tivesse sido enviado? “- Putz, estou sendo monitorado pelos meus eleitores...fudeu!”.

Se há de fato um culpado nisso tudo, esse é o povo. Sou eu, tu, ele, nós, vós, eles...todos os sujeitos que votam e os que com ideais não se candidatam (que como eu, pensam que não se elegeriam e ,mesmo assim, a cada dia fico mais motivado a entrar para a política para tentar ser uma opção, tentar lutar por ideais – mas poderei não receber votos necessários porque não terei dinheiro para me promover, ou porque, como acontece, vota-se em determinado candidato por razões quaisquer que não o bem maior do povo).

Os políticos são só agentes do povo. Mas o povo esqueceu em quem votou, não sabe como agir, não foi educado para isso e assim o ciclo se fecha e recomeça a mesma coisa. O povo é inocente e culpado ao mesmo tempo. Não é por nada que poucos são os novos políticos que entram todo ano e os que já estão, em sua maioria, lá permanecem. Como que um Eduardo Cunha é reeleito? Um Renan Calheiros? Ora...no fundo, deveríamos ser roubados, ter os salários atrasados, morrer numa maca no hospital e tudo de mais ruim que possa acontecer, embora os coerentes sofrem junto com os incoerentes. Essa é a tal democracia, não?. Somos nós que botamos eles lá para causarem isso para nós, não? E lógico, eles vão fazer. Por que não fariam? Por quê?

Nós criamos nossos próprios infernos, sejam eles mentais, sejam eles políticos. Em qualquer nível de governo, eles não são postos lá por deuses ou são algo desconectado de nós, como parece evidente quando os chamamos por "os políticos de Brasília, aqueles fdp". Eles não foram postos lá por alienígenas. Mas parece!

 E aí? O que fazer? Reclamar, xingar e qualquer outra atitude de expressão que não tirar os caras de lá ou, melhor, não os colocar lá, não terá efeito nenhum. Desculpem-me, mas político corrupto não tem crise de consciência para mudar de lado e se tornar mocinho com críticas e belos textos. Ou tu achas que tem?

No fim, terão os que curtirão isso, terão os que não e no fim, tudo dá na mesma coisa. Fecha-se o Facebook ou se vai para o próximo post e...pronto. Esquece-se.

domingo, 24 de maio de 2015

A carne tem vida: um olhar no íntimo humano

Depois de optar pelo vegetarianismo há quase cinco anos, é estranha a percepção de ver alguém (um veterinário, um zootecnista, um produtor rural) se referindo a um bezerro que corre alegremente pelo campo como "a carne produzida tem sabor mais palatável". A expressão revela um olhar que não vê vida, mas carne. Um olhar desconectado do íntimo de um outro ser. Não vê um olhar de um ser que respira, que gosta de carinho, que se torna tão amigo quanto um cachorro quando criado próximo. Um olhar de medo quando está no corredor pro abatedouro. Um ser que sente. Mata-se e se come depois aquela carne da mesma forma que um animal carnívoro come a presa abatida. No fim, o homem revela sua natureza e nisso então ele se mostra tão animal quanto.

Vejas aqui um vídeo de vacas sendo liberadas para o pasto depois de meses confinadas devido inverno severo do hemisfério norte, ou essas cabras brincando de escorrega. Percebem a humanidade nos animais em ambos os vídeos?

Um abraço.