sábado, 22 de outubro de 2011

Delírios

A semana foi cheia. Talvez mais vazia do que cheia. Eu que me enchi de mim e das coisas. Quase me enchi das pessoas e suas vidas também. Isso fez a semana parecer cheia porque minha mente ficou cheia e assim eu fiquei cheio também.
Tenho aprendido a ver as coisas por um ângulo diferente, um ângulo que mostra que nada é o que é e tudo é o que é. Tudo depende de como eu olho pras coisas a partir do que eu entendo sobre elas. Isso faz sentido (mesmo parecendo que não!), mas vai você tentar colocar em prática. Em muitas coisas tenho conseguido e em outras tenho falhado. Questiono-me sobre o que estou fazendo no momento, mas no fim sempre vejo que é o melhor para eu fazer o que eu acredito que quero fazer. Bom, pelo menos para o momento é.
O que eu acredito sempre tem ido para o chão. Isso é bom, ótimo talvez. Ver nossas crenças sendo levadas embora com a última chuva mostra que estamos evoluindo naquele pensamento. No entanto, após a chuva ir, marcas profundas podem se revelar e nelas apenas o vazio e as marcas do que tinha lá. Mas também essa mesma chuva trouxe outras coisas que solaparam marcas antigas. Dinamismo. Isso mesmo, dinamismo. Nada fica como era após uma chuva. Nada.
Nisso tudo vejo que se estou cheio é porque me imagino cheio. Imaginação. Tanto bem nos faz, mas tanto mal também. Ainda me imagino um super-herói antes dos meus olhos fecharem à noite. Quando criança me perguntava se ainda seria capaz de imaginar isso com 30 anos. Ainda tenho 29 e continuo a imaginar. Será que com 50 ainda farei isso? Começo a confirmar que nosso Eu criança irá sempre nos acompanhar. Será que seria possível deixar essa criança guiar minha vida? Não me lembro de ter ficado cheio das coisas quando criança. Não lembro mesmo. Queria ser adulto logo para ser piloto de caça e hoje sou aprendiz-de-cientista. Bom, não sou adulto ainda, mas também não poderei mais pilotar caças. Pilotarei algo, quem sabe, assim como quero aprender a tocar violão. Já sei alguns acordes, mas ainda não sei afinar.
Isso me faz pensar quantas coisas já aprendi, coisas inúteis e coisas úteis. Inúteis...será que algo foi de fato inútil? Nada me vem à mente agora, mas tenho certeza que perdi algum tempo sentado numa sala de aula aprendendo coisas que não tenho usado hoje. Isso seria uma definição de ser inútil? Talvez não.
Sei que estou cheio. Talvez tudo o que aprendi tenha enchido demais minha mente de coisas inúteis e logo minhas crenças cairão novamente. Por um lado estou ansioso por isso, por outro espero estar preparado para tanto. Mas pensando por outro, talvez tudo seja um delírio da meia-noite de uma sexta-feira e nada disso existe de fato. Afinal, se nada é o que é e tudo é o que é, isso pode não ser nada do nada que é.

=)