Tenho
aprendido a ver as coisas por um ângulo diferente, um ângulo que mostra que
nada é o que é e tudo é o que é. Tudo depende de como eu olho pras coisas a
partir do que eu entendo sobre elas. Isso faz sentido (mesmo parecendo que
não!), mas vai você tentar colocar em prática. Em muitas coisas tenho
conseguido e em outras tenho falhado. Questiono-me sobre o que estou fazendo no
momento, mas no fim sempre vejo que é o melhor para eu fazer o que eu acredito
que quero fazer. Bom, pelo menos para o momento é.
O
que eu acredito sempre tem ido para o chão. Isso é bom, ótimo talvez. Ver nossas
crenças sendo levadas embora com a última chuva mostra que estamos evoluindo
naquele pensamento. No entanto, após a chuva ir, marcas profundas podem se
revelar e nelas apenas o vazio e as marcas do que tinha lá. Mas também essa
mesma chuva trouxe outras coisas que solaparam marcas antigas. Dinamismo. Isso mesmo,
dinamismo. Nada fica como era após uma chuva. Nada.
Nisso
tudo vejo que se estou cheio é porque me imagino cheio. Imaginação. Tanto bem
nos faz, mas tanto mal também. Ainda me imagino um super-herói antes dos meus olhos
fecharem à noite. Quando criança me perguntava se ainda seria capaz de imaginar
isso com 30 anos. Ainda tenho 29 e continuo a imaginar. Será que com 50 ainda
farei isso? Começo a confirmar que nosso Eu criança irá sempre nos acompanhar. Será
que seria possível deixar essa criança guiar minha vida? Não me lembro de ter
ficado cheio das coisas quando criança. Não lembro mesmo. Queria ser adulto
logo para ser piloto de caça e hoje sou aprendiz-de-cientista. Bom, não sou
adulto ainda, mas também não poderei mais pilotar caças. Pilotarei algo, quem
sabe, assim como quero aprender a tocar violão. Já sei alguns acordes, mas
ainda não sei afinar.
Isso
me faz pensar quantas coisas já aprendi, coisas inúteis e coisas úteis. Inúteis...será
que algo foi de fato inútil? Nada me vem à mente agora, mas tenho certeza que
perdi algum tempo sentado numa sala de aula aprendendo coisas que não tenho usado
hoje. Isso seria uma definição de ser inútil? Talvez não.
Sei
que estou cheio. Talvez tudo o que aprendi tenha enchido demais minha mente de
coisas inúteis e logo minhas crenças cairão novamente. Por um lado estou
ansioso por isso, por outro espero estar preparado para tanto. Mas pensando por
outro, talvez tudo seja um delírio da meia-noite de uma sexta-feira e nada
disso existe de fato. Afinal, se nada é o que é e tudo é o que é, isso pode não
ser nada do nada que é.